Em cerimônia virtual, Ailton Krenak recebe o Prêmio Juca Pato da UBE
A União Brasileira de Escritores, a UBE, premiou o escritor e ativista indígena Ailton Krenak com o Prêmio Juca Pato 2020, que é a premiação que elege o Intelectual Brasileiro do ano.
Para concorrer ao Juca Pato, a UBE abriu para o público em geral indicações para escritores que tenham publicado livro em 2019 de repercussão nacional. Em seguida, os diretores da entidade decidiram cinco finalistas. E por fim, os sócios ativos tiveram direito a voto e elegeram Ailton Krenak que ano passado publicou “Ideias para adiar o fim do mundo” pela Companhia das Letras.
Também foram finalistas com Krenak na 58ª edição da premiação os autores Djamila Ribeiro – Pequeno Manual Antirracista (Companhia das Letras, 2019), Eliane Brum – Brasil, Construtor de Ruínas (Alfaguara, 2019), Laurentino Gomes – Escravidão Vol. 1 (Globo Livros, 2019) e Maria Valéria Rezende – Cartas para a Rainha Louca (Alfaguara, 2019).
O PRÊMIO
Diferente do que muitos pensam, a premiação não é um concurso literário. O Juca Pato é um reconhecimento a personalidade que tenha contribuído para o desenvolvimento do país no ano anterior através da literatura.
O prêmio foi criado em 1962 pelo escritor Marcos Rey e o primeiro a receber o troféu foi Afonso Schmidt no ano seguinte. A ideia do nome do prêmio surgiu pois o personagem Juca Pato, criado pelo jornalista Lélis Vieira e ilustrado pelo caricaturista conhecido por Belmonte, representa a figura do escritor brasileiro.
AILTON KRENAK
Mineiro, Ailton Alves Lacerda Krenak nasceu em 1953, é originário da tribo indígena Krenak que situada em Itabirinha de Matena, Minas Gerais.
Em 1985 criou a ONG Núcleo de Cultura Indígena, que como o próprio nome diz, luta por assegurar os costumes indígenas na sociedade brasileira.
"Em 1987 seu nome ganhou força ao subir na tribuna no Congresso Nacional com o rosto pintado de preto, seuindo a tradição indígena, para protestar contra o retrocesso na luta pelos direitos dos povos originários brasileiros." (Jornal O Escritor da UBE, edição n. 146).
É escritor pesquisador e ambientalista. Em 2016 a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) lhe concedeu o título de Professor Doutor. Na mesma faculdade, Ailton leciona em cursos de especialização em duas disciplinas: Cultura e História dos Povos Indígenas e Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais.
IDEIAS PARA ADIAR O FIM DO MUNDO
Uma parábola sobre os tempos atuais, por um de nossos maiores pensadores indígenas.
“Ailton Krenak aborda em seu livro, com certa ironia, a forma que os brancos adotam para viver, abrindo mão da liberdade de estar em contato e em harmonia com a natureza, respeitando-a como mãe.” (Site Amazônia Real)
CERIMÔNIA
Durante Cerimônia Virtual, fato inédito na história da premiação (devido a pandemia do novo coronavírus), o escritor Ignácio de Loyola Brandão, ganhador de 2019, “entregou” o Troféu para o escritor indígena. Faz parte da premiação o ganhador do ano anterior, fazer a entrega ao novo laureado.
Ambos fizeram discurso, como também Ricardo Ramos Filho, presidente da UBE. Os três falaram sobre o atual momento brasileiro, sobre a pandemia e foram enfáticos ao falar de como os seres humanos têm sido intolerantes.
Em sua fala, Ailton Krenak citou como nos afastamos da natureza e que é difícil ter um convívio real com a natureza e as árvores. Outro ponto forte da cerimônia foi quando o índio disse que nossos cumprimentos atuais são um tanto quanto agressivos, “soquinhos”, “cotoveladas”, etc. E surgiu que ao encontrarmos um amigo façamos uma pequena referência e o sinal de mãos em oração.
Muito temos a aprender com Krenak que sempre lutou pelos direitos de seu povo e de forma pacífica prega pela preservação da beleza da natureza.
Por Eliaquim Batista.
Comments