Ao ver aquele menino chorei!
Uma lágrima caiu do meu rosto.
Ele deveria ter uns seis ou sete anos. Parecia ser deficiente, mas não sei qual especificamente. Mas eu achava lindo!
Cabelos encaracolados, bem curtinhos, pele parda e com uma blusa social, bem arrumado. Fazia frio, estava com a mãe.
Tomavam um pequeno lanche naquele quiosque do terminal Bandeira, Centro de São Paulo, enquanto eu voltava do meu trabalho.
Ele, comia um pão de queijo e tomava um refrigerante, a mãe tomava um café em copo de isopor.
Ele, parecia que queria colocar seu lanche de uma vez na boca e isso me fazia sorrir enquanto uma lágrima molhava o meu rosto.
Mas qual o motivo do meu choro? Por que da minha lágrima?
Simples! Mas para mim aterrorizador!
Sonhava em ser pai! E não conseguia. Exato. E naquela criança vi semelhança a mim quando era pequeno.
Até esqueci por um momento que o menino era “especial”, pois eu queria como aquela mãe, poder um dia ter um filho para sair para lanchar.
Ela percebeu que eu olhava para seu filho e me perguntou:
- Moço, tudo bem?
- Me desculpe – dei uma pausa – É que seu filho é lindo!
Ela arregalou os olhos e me perguntou novamente e eu repeti que o filho dela me surpreendia. Ele me olhava e continuava comendo seu pão de queijo.
- Moço, ele tem uma pequena deficiência intelectual e não pode nos escutar.
- Isso não importa para mim. Ele se parece muito comigo quando eu tinha essa idade e...
Comecei a chorar e fiquei sem palavras. Neste instante abaixei na altura do menino, olhei nos olhos que colocou as mãos em minha bochecha e sentiu minha lágrima.
Sua mãe então, continuou.
- Está tudo bem moço?
- Eu não posso ter filhos! Minha esposa e eu já tentamos de todas as formas possíveis. E ao ver a senhora com seu filho, sonhei aqui de pé que poderia ser eu, com um rapazinho assim!
- Moço, e eu queria que meu esposo fosse assim igual você. Pois meu marido finge que esse menino nem existe! Como ele tem esses problemas dele, ele não aceita ele como filho, não dá nada, desde que casei tive que procurar um emprego melhor para dar tudo o que meu filho precisa.
- Mas você ama seu filho?
- Mais que tudo! – E começou a chorar.
- Calma, senhora! Meu pai sempre diz: “Tudo no seu tempo!”. Não sei toda sua história para ainda estar com seu marido. Mas tudo no seu tempo!
- O mesmo digo pro senhor: Tudo no seu tempo! Uma hora, se Deus quiser, o senhor terá seu filho também com sua mulher! Creia!
Me despedi da moça e dei um abraço no menino.
- Só mais uma coisa, senhora. Qual o nome de vocês?
- O meu é Joana e o dele é Enzo. E o seu? De sua esposa?
- Você nunca esquecerá! Por incrível que pareça: Meu nome é Enzo e o da minha esposa é Joana.
Por Eliaquim Batista
Comments