Assim que voltei do almoço, ele estava lá, cara branca mais do que nunca e sua roupa vermelha. Sim, era o velho Noel. E estava sentado no parapeito do simples prédio.
– Olha aquilo! - Falei para minha única colega de trabalho.
– É só um boneco bobo! – Ela me respondeu.
Mas para mim, ele tinha algo de diferente, pois eu o via com a cabeça meio caída, mas logo se levantava sem ninguém o arrumar, um dia pensei ver suas mãos se mexerem sozinhas, mas "Era só um boneco", dizia minha colega.
Fim de novembro, as lojas se enfeitavam para o tão esperado Natal e nesse ano esse Papai Noel apareceu para “tumultuar” um pouco a minha pobre cabeça. “Será que era só mesmo um boneco?”
Chegou o dia de pagar meu aluguel. Fui ao centro comercial que ficava em frente ao escritório sacar o dinheiro para a dona da casa. Morava a seis estações do trabalho em um quintal com mais três famílias, quarto e cozinha, era o palácio para o menino solteiro do interior.
Fila gigante, esperei um belo tempo, até que um homem de seus quarenta e poucos anos sai da única porta fogo de bermuda, chinelo e regata e bolsa nas costas.
Ele, cumprimenta outro homem com as roupas opostas as dele que só diz:
– Eis a de hoje Noel do teto! Bom trabalho, continue assim, sem se mexer e leve sorriso!
– Valeu, senhor! – com um sorriso pegou o envelope, colocou no bolso e saiu.
Após usar o caixa eletrônico dei meia volta e vi um menino conversar com uma mãe, que dizia:
– Mamãe, que são esses bonecos soltos no chão?
O menino apontava para um presépio esquecido e bem antigo de gesso.
– Deixa isso pra lá, Tutu! Temos que comprar o presente do seu pai!
Do nada, vi o menino cumprimentar o cara de bermuda e me surpreendi quando ouvi ele dizer:
– Bença, tio!
E os dois sorriam um para o outro.
Por Eliaquim Batista
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