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Resenha | BARRETO - LIMA BARRETO, de André Augustus Diasz (Editora Mostarda)

Agora é a vez do autor de Triste fim de Policarpo Quaresma ganhar a edição especial de sua biografia para o público juvenil na coleção da Editora Mostarda



Carioca, Afonso Henriques de Lima Barreto, teve uma vida cheia de obstáculos bem difíceis de qualquer um conseguir de driblar. Mas André Augustus Diasz, autor da biografia, consegue de forma leve não chocar o público alvo da obra e quem deseja conhecer de forma breve a vida do escritor do pré-modernismo brasileiro.


Lima Barreto, como assinava seus livros e como é conhecido até hoje, nasceu em uma época conturbada do Brasil, pois a abolição acabava de ter sido instituída no país. E sua infância foi marcada pela perda da mãe, a professora Amélia Augusta, com apenas oito anos. Seu pai, João Henriques, era tipógrafo, criando os filhos em uma vida simples e típica do nível médio carioca na periferia de Laranjeiras que acabaram impedindo o jovem de sonhar ainda mais alto.


"Desde pequeno, Lima Barreto teve que aprender a lidar com problemas familiares. Sua mãe faleceu quando ele tinha apenas 6 anos de idade. Mas, por sorte ou destino, pôde contar com a ajuda de amigos e pessoas próximas. Com o auxílio de seu padrinho rico e dono de terras, o Visconde de Ouro Preto [...], aos 16 anos entrou na faculdade de Engenharia Civil no Largo de São Francisco"

p. 10



Cursou engenharia, mas ganhou mesmo a vida como funcionário público e jornalista. Seu primeiro livro publicado foi Recordações do escrivão Isaías Caminha e não teve grande repercussão da mídia, como boa parte de suas publicações, que ganharam a visibilidade merecida apenas de forma póstuma e mais precisamente, em um passado nada distante.


Além disso, quando alguns de seus textos passaram a ser conhecidos do grande público, suas imagens e fotos foram levemente manipuladas e de negro, Lima Barreto aparentava ser branco. Apenas recentemente Lima tem sido reconhecido como homem negro. As ilustrações de Jefferson Costa nessa biografia deixa evidente a fisionomia e a aparência física do carioca.


Versátil, sarcástico, visionário e um pouquinho exagerado, o autor sempre trouxe a crítica social em seus escritos e que algumas vezes continuam sendo atuais mesmo depois de mais de 100 anos de sua morte.


Um ótimo diferencial para o público-alvo da obra, infantojuvenil, é a linha do tempo que acompanha os passos dados pelo autor em vida. Outro cuidado interessante são as dicas de outros livros, filmes e documentários sobre o biografado, além de suas principais obras.



Sempre amei as histórias de Lima Barreto, especialmente Clara dos Anjos, Numa e Ninfa, O homem que sabia javanês e Cemitério dos vivos. Deixo aqui a dica de outras duas biografias: Lima Barreto - Triste visionário, de Lilia Moritz Schwarcz (Companhia das Letras), de Lima Barreto - Retratos do Brasil Negro, de Cuti (Selo Negro Edições). Além do filme Lima Barreto ao Terceiro Dia, estrelado por Luís Miranda e Sidney Santiago. Deixo abaixo o trailer para que saiba um pouquinho sobre a obra:



Infelizmente conheci Lima Barreto tardiamente, apenas na faculdade, mas me apaixonei tanto por sua personalidade e militância, como por suas histórias e como prende o leitor em acontecimentos cotidianos. Em breve vou fazer uma lista especial aqui no blog com os meus livros favoritos sobre o autor. O que acha?


Abraços Literários,


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