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Resenha | Livro: CHUPIM, de ITAMAR VIEIRA JÚNIOR (Baião)

Com mais de um milhão de exemplares vendidos, somando todos os seus títulos, eis que é apresentado o Brasil rural de Itamar Vieira Júnior para as crianças. Conheça Chupim!



Um personagem que os leitores mais atentos de Itamar Vieira Júnior, especialmente do fenômeno Torto Arado, certamente já o conhecem e que dá título ao seu primeiro livro infantil: Chupim (Baião). Aos que não conhecem, esta é uma espécie de passarinho geralmente com coloração preta, azul-marinho ou violeta, e que ama estregar plantações a procura de grãos, especialmente arroz. Logo o grão mais popular do nosso país, hein? Rsrs

 

Após consagrar-se na ficção adulta e alcançar a incrível marca de um milhão de livros vendidos, o autor baiano deixa bem expresso que o seu lugar de fala na literatura é o singelo agricultor, na maioria das vezes nordestino, e que se alimenta e sobrevive do que planta. Povo rico em sabedoria, mas que pela simplicidade, por vezes é oprimido por patrões que independente da idade, gênero ou questões de saúde, busca apenas o lucro.

 

Em Chupim, conhecemos Julim, filho caçula de uma família de agricultores que mora na fazenda de arroz em que trabalham. Logo percebe-se a simplicidade em que vivem, seja pelo texto ou pelas ilustrações assinadas por Manuela Navas. Na obra, mesmo de forma muito poética, já que o seu público-alvo são as crianças, mostra a realidade do trabalho infantil e a repressão feita por poucos, em cima de muitos.


“As crianças corriam pelo arrozal com caniços e galhos secos. Quem os visse rindo e gritando, diria que era mais uma brincadeira.”

pág. 12

 

Sempre que Julim vai para a plantação de arroz, seja para brincar ou para ajudar dispersar os chupins, ele ouve algo dos adultos e que discorda: “Eles são uma praga!”. Nos pensamentos do menino, ele os enxerga literalmente o oposto, são seus grandes amigos. E durante a leitura, independentemente da idade de quem lê, será impossível discordar do menino que apresenta para nós a sua visão e pensamento que é concretizado durante as páginas do livro.


Ilustração de Manuela Navas, ilustradora do livro Chupim, de Itamar Vieira Júnior (Selo Baião)


Mesmo não sendo a sua zona de conforto, Itamar Vieira Júnior deixa o seu recado em Chupim: Conscientizar as crianças que tem acesso à leitura e aos livros, especialmente ao seu, de que há uma grande desigualdade social no Brasil e que ela não deve continuar em um futuro pouco distante, onde seus pequenos leitores serão a continuidade de nossa nação.

 

Com isso, é necessário o fim da realidade em que alguns têm o direito de ler Chupim e (quase) todo livro que quiser e para outras crianças, isso seja uma utopia e a enxada e o analfabetismo ainda são a realidade.

 


Abraços Literários,


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