A Editora Todavia homenageia as mulheres em seu mês, e quatro dos lançamentos do mês são livros escritos por autoras.
Vista chinesa, Tatiana Salem Levy
A história de uma mulher e de uma cidade que foram violentadas
Estamos em 2014. Euforia no Brasil e especialmente na cidade do Rio de Janeiro. Copa do Mundo prestes a acontecer, Olimpíadas de 2016 à vista. Tempo de esperança e construção. Júlia é sócia de um escritório de arquitetura que está planejando alguns projetos na futura Vila Olímpica. No dia de uma dessas reuniões com a prefeitura, Júlia sai para correr no Alto da Boa Vista. A certa altura, alguém encosta um cano de revólver na sua cabeça e a leva para uma área baldia. É estuprada. Deixada largada e exangue na mata, ela se arrasta para casa, onde o namorado e alguns familiares a esperam. O rosário de dor é descrito com crueza e qualidade literária poucas vezes vistas em nossa ficção.
“Uma potência impressionante, que nos toma de assalto já nas primeiras páginas [...], como se o livro fosse a própria mata, para acompanhar com extrema aflição, de olhos meio fechados, a máxima dureza.”
JULIÁN FUKS
A autora
Tatiana Salem Levy é romancista, contista e ensaísta. Seu romance A CHAVE DE CASA recebeu, em 2008, o Prêmio São Paulo de Literatura como autora estreante. Mora em Lisboa e é colunista do jornal Valor Econômico.
Cartas a uma negra, Françoise Ega
Ao expor a situação das antilhanas na França, Ega se conecta com a obra de Carolina Maria de Jesus.
Antilhana, Françoise Ega trabalhava em casas de família em Marselha, na França. Um de seus pequenos prazeres era ler a revista Paris Match, na qual deparou com um texto sobre Carolina Maria de Jesus e seu QUARTO DE DESPEJO. Identificou-se prontamente. E passou a escrever “cartas” — jamais entregues — à autora brasileira. CARTAS A UMA NEGRA, publicado postumamente, é um dos documentos literários mais significativos e tocantes sobre a exploração feminina e o racismo no século 20.
“Ao incluir Carolina Maria de Jesus em sua escrita [...] como presença viva, Françoise Ega dá solidez ao seu texto e ao de sua ‘irmã brasileira’.”
REGINA DALCASTAGNÈ, SUPLEMENTO PERNAMBUCO
A autora
Nascida na Martinica, Françoise Ega (1920-1976) trabalhou como doméstica antes de se tornar escritora e uma importante ativista social em defesa dos imigrantes caribenhos na França. Lançou, em vida, LE TEMPS DES MADRAS: RÉCIT DE LA MARTINIQUE, em 1966, e teve mais dois livros publicados postumamente, este CARTAS A UMA NEGRA: NARRATIVA ANTILHANA, em 1978, e L’ALIZÉ NE SOUFLAIT PLUS (ANTAN ROBÈ), em 2000.
O espelho e a luz, Hilary Mantel
O volume final e arrebatador da premiada trilogia de Hilary Mantel.
Em WOLF HALL e TRAGAM OS CORPOS, assistimos à ascensão do plebeu Thomas Cromwell, que se tornou o principal ministro de Henrique 8º, ajudando-o a se divorciar de Catarina de Aragão e guiando a Inglaterra em seu rompimento com a Igreja de Roma. Em O ESPELHO E A LUZ, volume inédito no Brasil, após auxiliar o rei a se livrar de mais uma esposa indesejada, Cromwell alcança o auge de sua glória. Mas há velhas sombras e novos obstáculos em seu caminho. O maior adversário de Cromwell, contudo, será sua própria consciência: ele terá de arcar com o peso das vidas que destruiu (e dos princípios que escamoteou) em sua missão de reformar a Inglaterra.
“A trilogia Wolf Hall é provavelmente o maior feito na ficção histórica da última década.”
THE NEW YORK TIMES BOOK REVIEW
A autora
Nascida em Glossop, Inglaterra, em 1952, Hilary Mantel é autora de catorze livros, incluindo o romance A PLACE OF GREATER SAFETY e as memórias GIVING UP THE GHOST. O ESPELHO E A LUZ é o terceiro e último volume de sua trilogia sobre Thomas Cromwell. Os volumes anteriores, WOLF HALL e TRAGAM OS CORPOS, receberam o Booker Prize.
A visão das plantas, Djaimilia Pereira de Almeida
Romance premiado que fala de um passado sombrio compartilhado por África, Portugal e Brasil.
Esta é a história de capitão Celestino, homem cujo passado de brutalidade e violência assombrosas é substituído, no crepúsculo da vida, por um amor delicado e cuidadoso pelas plantas de seu jardim. De volta a Portugal, e com a consciência pesada pelas monstruosidades que cometeu, o capitão retorna à casa de sua infância. Na vizinhança, as pessoas conhecem seus malfeitos, então poucos se atrevem a se aproximar. Somente o padre Alfredo é um visitante regular: quer levar o homem para se confessar, mas o único assunto que interessa a Celestino é mesmo o esplendor de seu roseiral.
A autora
Nascida em Luanda, Djaimilia Pereira de Almeira é autora de LUANDA, LISBOA, PARAÍSO, vencedor do Prêmio Oceanos 2019. A VISÃO DAS PLANTAS ficou em segundo lugar no Prêmio Oceanos 2020.
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